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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Defesa à Zona @ Gabi Fernandes

Defesa à Zona em Futsal
O treino desportivo ainda é, em sua maioria, baseado na repetição de gestos técnicos, tanto nas modalidades individuais quanto nas modalidades coletivas. No caso dos Jogos Desportivos Coletivos este método dificulta o desenvolvimento da inteligência e cooperação entre os jogadores por exigir o "como fazer" desvinculado das "razões do fazer". Nesse sentido, este artigo de opinião propõe uma metodologia para o treinamento defensivo á zona no futsal centrada nos jogos condicionados (jogos reduzidos), privilegiando o desenvolvimento tático coletivo.
O futsal é uma modalidade classificada de Jogo Desportivo Coletivo por possuir as seis invariantes atribuídas a esta categoria: uma bola ou implemento similar, um espaço de jogo, adversários, parceiros, um alvo a atacar e outro para defender e regras específicas.
O termo sistema tático é utilizado para descrever o posicionamento dos jogadores em quadra de acordo com a função exercida por cada um. Este posicionamento tático está intimamente relacionado às ações dos adversários. É importante lembrar que a dinâmica do futsal é muito complexa e a troca de funções entre os jogadores é constante, pela exigência de uma intensa movimentação. As equipes costumam modificar seu sistema tático dentro de uma mesma partida, em virtude de possível ineficiência diante do sistema utilizado pelo adversário.
A essência do sistema defensivo repousa na constante busca de adaptação às características do ataque adversário, para a execução da defesa propriamente dita (recuperação da posse de bola), que pode ser centrada nas movimentações da bola, chamada defesa por zona. A marcação por Zona é por sistema realizada na meia-quadra defensiva e apresenta duas variações no futsal - Losango (3x1) ou Quadrado (2x2).
A escolha por um destes sistemas defensivos depende das características dos jogadores da equipe, do sistema tático utilizado pelo adversário e da situação do jogo. Por estes motivos torna-se importante o treino de todas as variantes defensivas.

Marcação ou defesa Zona
Marcação caracterizada pelo posicionamento à meia-quadra, ou melhor, nas Zonas 1 e 2 (Defesa e meia quadra) - sempre atrás da linha da bola; pelas constantes trocas de marcações; e pela espera do erro adversário para roubar a bola e contra-atacar. Na maioria das vezes, estes contra-ataques são perigosos, pois pegam a defesa adversária desposicionada - na transição do posicionamento ofensivo para o defensivo. Neste tipo de marcação, cada defensor é responsável por determinada zona da quadra e pelo adversário que estiver nela. O posicionamento dos defensores ocorre em função do deslocamento da bola.
É uma marcação utilizada quando a equipe adversária apresenta rápida e complexa movimentação, tem bons executantes, ótima técnica e condução de bola, um bom nível de treino ou quando o placar é favorável á nossa equipa.

Pontos Positivos:
  • Facilita a cobertura e a recuperação no caso do drible;
  • Menor desgaste físico dos defensores;
  • Proporciona perigosos contra-ataques;
  • Impossibilita as "bolas nas costas";
  • Fecha o meio de quadra
Pontos Negativos:
  • Possibilita o remate de segunda linha;
  • Aumenta o tempo de posse de bola do adversário;
  • Encobre parcialmente a visão do guarda-redes.
Para a Marcação Zona, os jogos reduzidos utilizados são os de superioridade numérica: 4x2; 3x2; 3x1; 2x1; 4x3; 5x3; e 5x4. Lembrando que no 5x3 e no 5x4 o quinto elemento deve ser o guarda-redes. O 4x3 e o 5x3 são situações que ocorrem em jogos onde uma das equipes tem um jogador expulso.
A superioridade numérica forçará a Marcação Zona, pois os defensores não devem pressionar o portador da bola a qualquer momento, facto que facilitaria a ação dos atacantes. Eles precisam fechar os espaços e esperar o momento certo de pressionar. Assim a movimentação dos defensores será mais em função do deslocamento da bola do que dos adversários (Zona).
Os jogos reduzidos com dois defensores (3x2 e 4x2) facilitam a aprendizagem da Marcação Quadrado, já que os defensores utilizarão a movimentação basculante.
Na minha opinião o treino baseado na repetição de gestos precisa ser repensado no caso dos desportos coletivos. Repensado e não negado. O treino técnico é muito importante para melhorar a performance do atleta, mas nos jogos desportivos coletivos, ele deve vir em menor escala, dando espaço para o desenvolvimento da inteligência tática.
Cabe ao treinador desenvolver suas sessões de treino com o objetivo de desenvolver a inteligência e a cooperação entre os atletas, pois uma boa equipa não é constituída pela somatória de talentos individuais, e sim pela sintonia e compreensão coletiva entre os jogadores.


Gabi Fernandes

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Rentabilização do Tempo de Treino @ Paulo Casca


“Não tenho tempo suficiente para treinar todos os aspetos do jogo que considero importantes para a minha equipa”.
Quantos de nós treinadores já fizemos esta afirmação para justificarmos uma derrota ou uma exibição mais fraca da nossa equipa? Pessoalmente, já utilizei este argumento, mas agora reconheço que a falta de tempo não é justificação para tudo e, principalmente, não podemos ser conformistas ao ponto de achar que o facto de o adversário treinar mais tempo que nós significa, a priori, que é melhor. Reconheço que uma equipa que treina mais vezes por semana deveria apresentar mais e melhores soluções, mas também considero que treinar em quantidade não significa, obrigatoriamente, treinar em qualidade.
Concordo que todos gostaríamos de ter mais tempo para treinar, mas acho que, por vezes, não aproveitamos ao máximo o tempo de treino que temos disponível. Isto leva-nos à questão central deste artigo: rentabilização do tempo de treino.
Como todos os treinadores, julgo que o jogo é reflexo do treino e, como tal, acredito que o segredo do sucesso pode estar muitas vezes na organização dos nossos treinos. Basicamente, acho que não podemos desperdiçar um minuto que seja em situações que não sejam relevantes para o jogo e esta regra ganha ainda maior importância para as equipas que treinam poucas vezes por semana. Isto implica que cada exercício de treino, desde o aquecimento até à última atividade, deve servir para a organização do jogo. Para clarificar esta afirmação, apresento algumas situações práticas:

SITUAÇÃO 1
Tradicionalmente, na parte preparatória do treino (aquecimento), os jogadores realizavam corrida contínua com exercícios de mobilização articular e geral durante 15 a 20 minutos. Para rentabilizar o treino, podemos utilizar esse tempo para os jogadores realizarem exercícios de mobilização geral com um movimento do nosso modelo de jogo, que tanto pode ser uma movimentação ofensiva/defensiva, padrão de jogo, uma bola parada ou outra situação que seja efetivamente aplicada no jogo.
Exemplo de exercício: Padrão de jogo com saída do pivot para o lado da bola:
   

SITUAÇÃO 2
Dedicamos muito tempo do nosso treino a realizar exercícios de passe/receção, condução de bola e finalização sem oposição. A verdade é que, durante o jogo, temos quase sempre um ou mais adversários a dificultar a nossa ação. Assim, sempre que possível, devemos organizar exercícios que tenham oposição porque esta situação está mais próxima daquilo que vamos encontrar no jogo. As estratégias usadas devem sempre ter como pressuposto despertar o  interesse do praticante, recorrendo a jogadas motivantes, isto é, exercícios com presença da bola, oposição, cooperação e finalização.
Exemplo de exercício: Jogo 3x3 em campo reduzido. O treinador está do lado de fora do campo com outra bola na mão. A determinada altura o treinador entrega essa bola a um jogador da equipa que está sem posse de bola. Nesse momento esse jogador ataca 1x0 enquanto os restantes fazem ataque rápido de 3x2.


SITUAÇÃO 3
Na execução de um exercício podemos abordar diversos conteúdos. Esta situação, além de aumentar o tempo útil de treino, torna o exercício muito mais dinâmico.
Exemplo de exercício: Grupos de quatro jogadores. Um grupo realiza saída de pressão e, depois de ultrapassar a 1ª linha defensiva, ataca 3x2 realizando uma transição rápida. Desta forma, no mesmo exercício, treinamos duas situações do nosso modelo de jogo, nomeadamente, saída de pressão e transição defesa/ataque.


SITUAÇÃO 4
Penso que a época de trabalhar no treino a componente física isoladamente já pertence ao passado. Deste modo, o treinador deve promover o treino integrado procurando, dentro do seu conceito de jogo, introduzir exercícios que tenham o objetivo de preparar o atleta em todas as suas vertentes: física, tática, técnica e psicológica. 
Exemplo de exercício: Situação 2x1+1. Jogador azul no canto passa a bola aos vermelhos e defende. Nesse momento o outro jogador azul que está do lado contrário faz um sprint para ajudar a defender. Os vermelhos tentam finalizar. Se os azuis recuperarem a bola podem finalizar nas balizas pequenas para promover a competitividade e tomadas de decisão. Com este exercício conseguimos trabalhar vários aspetos:
Físico: velocidade; Técnico: passe, condução de bola, finalização; Tático: transição ofensiva em superioridade numérica e contenção defensiva. Psicológico: tomada de decisão com incremento da competitividade.


Foram apresentados apenas um exemplo para cada situação, dependendo agora de cada treinador pensar e desenvolver os mais diversos exercícios que se identificam com a sua própria equipa, ainda que dentro desta temática haja muito mais a dizer e a debater.

Paulo Luis (Casca)