A diferença entre a intensidade dos jogos, o "tradicional colectivo" em treino simulando o jogo e o treino em campo reduzido.
Segundo um estudo, realizado no Brasil, chegou-se à conclusão que fisiologicamente o "tradicional colectivo" não proporciona ao jogador o mesmo tipo de esforço que um jogo oficial acarreta ao contrário do treino em campo reduzido que segundo esse mesmo estudo gera um esforço muito semelhante ao jogo oficial.
Aqui vos deixo esse interessante artigo científico.
(Está, obviamente em Português do Brasil)
Intensidade de sessões de treinamento e jogos oficiais de futebol
Resumo
O objetivo desse estudo foi
identificar e comparar a IE de duas sessões de treinamento (coletivo e
campo reduzido) com a IE de jogos de uma competição oficial de futebol. A
freqüência cardíaca (FC) de oito atletas juvenis, pertencentes a um
clube da primeira divisão do futebol brasileiro, foi medida e registrada
durante duas sessões de treinamento (coletivo e campo reduzido) e
durante seis jogos de uma competição oficial. A IE registrada nos jogos
da competição oficial (166 + 3 bpm e 84 + 1,3 %FCmáx) foi maior em
comparação com a IE registrada durante o treinamento coletivo (150 + 3
bpm e 75 + 1,8 %FCmáx). Não houve diferença entre a IE dos jogos da
competição oficial e a IE do treinamento em campo reduzido (157 + 5 bpm e
79 + 2,6 %FCmáx). A semelhança entre as IEs do treinamento em campo
reduzido e dos jogos oficiais registradas no presente estudo sugere que
esta atividade pode ser utilizada como um estímulo específico de
treinamento aeróbico para o futebol.
FREQUÊNCIA CARDÍACA EM JOGO OFICIAL
FREQUÊNCIA CARDÍACA EM JOGO REDUZIDO
FREQUÊNCIA CARDÍACA NO TRADICIONAL COLECTIVO
Discussão
Identificou-se no presente estudo que a
IE, representada como bpm e %FCmáx, foi menor em jogos coletivos de
futebol, freqüentemente utilizados para treinamentos, em comparação com
jogos oficiais desta modalidade. Já o treinamento em campo reduzido
produziu valores de FC semelhantes aos valores de FC dos jogos oficias.
Essa característicase manteve quando os valores de FC foram apresentados
em bpm ou %FCmáx. A partir dos resultados obtidos pôde-se
identificarque as sessões de treinamento avaliadas foram realizadas em
uma IE intermediária (70-85 %FCmáx) para atletas de futebol (COELHO,
2005; HELGERUDet al., 2001), e consideradas como alta para indivíduos
saudáveis (ACSM, 1998). Entretanto, HOFF et al. (2002) registraram uma
IE de 91,3 %FCmáx em um jogo em campo reduzido com duas equipes
compostas por cinco jogadores cada e com constante reposição de bola. É
possível que a menor IE encontrada no presente estudo seja devido ao
maior número de atletas em cada equipe em comparação com HOFF et al.
(2002). Com isso, os jogadores teriam uma menor participação efetiva no
jogo, o que diminuiria a IE realizada por cada atleta.
Esse fato foi descrito por SASSI, REILLY e IMPELLIZZERI (2004), que
registraram uma maior IE no treino com equipes compostas por quatro
jogadores em comparação com o treino com equipes compostas por oito
jogadores. Além de HOFF et al. (2002), outros estudos investigaram a IE
de jogos de futebol em campo reduzido. CAPRANICA et al. (2001)
identificaram a IE realizada por jogadores de futebol de 11 anos de
idade, enquanto MILES et al. (1993) registraram a IE em um jogo feminino
com quatro jogadoras.No entanto, a IE avaliada nos dois estudos citados
foi apresentada em valores absolutos de FC e não valores relativos de
%FCmáx, como recomendado (KARVONEN & VUORIMAA, 1988), dificultando a
comparação com o presente estudo. Os resultados do presente estudo
diferem do estudo de ENISELER (2005), que encontrou valores de FC
menores em treinamentos em campo reduzido (135 ± 28 bpm) em comparação
com jogos oficiais (157 ± 19 bpm). Essa diferença pode ser devido ao
fato de que ENISELER (2005) utilizou 11jogadores em cada equipe, ao
contrário do presente estudo que utilizou oito jogadores.
Como demonstrado por SASSI, REILLY e
IMPELLIZZERI (2004), um número maior de atletas nos jogos em campo
reduzido faz com que a IE do treinamento diminua. Além disso, a IE
registrada por ENISELER (2005) no treinamento em campo reduzido (135 ±28
bpm) foi menor em comparação com o presente estudo (157 ± 5 bpm e 79 ±
2,6 %FCmáx). No entanto, essa comparação torna-se difícil já que
ENISELER (2005) também não apresentou osresultados em valores
relativizados como %FCmáx, As linhas escuras no eixo X sob a linha de FC
representam a duração de cada fase e a FC média durante cada uma das
cinco fases do treinamento em que o atleta participou é apresentada
sobre as mesmas.
COELHO, D.B. et al.o que seria mais
adequado (KARVONEN & VUORIMAA,1988).De acordo com BARBANTI, TRICOLI e
UGRINOWITSCH (2004), seria interessante para o desempenho em uma
modalidade esportiva, que a IE do treinamento fosse similar ou maior do
que aquela imposta nas situações de competição. Portanto, a semelhança
entre as IEs do treinamento em campo reduzido e dos jogos oficiais
registradas no presente estudo sugere que um estímulo específico de
treinamento aeróbico para essa modalidade foi alcançado nesta atividade.
Já ESTEVELANAO, FOSTER, SEILER e LUCIA (2007) não identificaram que as
altas intensidades fossem fatores determinantes no aumento do rendimento
de corredores espanhóis de meio-fundo, ao monitorar grupos que
treinaram com programas com intensidades diferentes por um longo tempo
(cinco meses). Deve-se considerar a diferença entre as especificidades
da modalidade avaliada no presente estudo, classificada como
intermitente de altaintensidade relativo também a fatores como força e
velocidade determinantes, e as corridas. Tendo sido identificado que a
IE dos treinamentos em campo reduzido representada em valores absolutos e
relativizados não foi diferente da IE de jogos oficiais, supõe-se como
implicação deste achado, que estas atividades podem representar um
estímulo de treinamento aeróbio semelhante (HOFF et al., 2002) ou, às
vezes, até mais intenso e específico para o futebol em comparação com
outros tipos de treinamentos, como o treinamento aeróbico intervalado
(SASSI, REILLY & IMPELLIZZERI, 2004). Pode-se sugerir também que
jogos em campo reduzido podem substituir em parte este tipo de
treinamento, com o objetivo de manter o condicionamento físico durante a
temporada competitiva (REILLY & WHITE, 2004).
Já
o treinamento coletivo produziu uma IE menor em comparação com os jogos
oficiais. Mesmo essa sendo uma atividade comumente utilizada nos
treinamentos e de grande valor para o aperfeiçoamento técnico e tático
dos jogadores, pode não representar um estímulo tão eficiente no
aperfeiçoamento e manutenção da capacidade aeróbia.
Autores:
Daniel Barbosa COELHO; Vinícius de Matos RODRIGUES, Luciano Antonacci CONDESSA, Lucas de Ávila Carvalho Fleury MORTIMER, Danusa Dias SOARES, Emerson SILAMI-GARCIA
Este artigo é só mais uma prova sobre o quão é fundamental treinar em campo reduzido, tanto o ano passado no Instituto D.João V como este ano no U.D.Leiria, os jogos em campo reduzido são parte dominante nos treinos, seja para treinar táctico, técnico ou qualquer outro aspecto. E vocês? Usam muito os jogos em campo reduzido?
Pedro Pipa