A escolha do método defensivo pretendido (zona,
individual ou misto) obedece sempre a um conjunto variado de situações que o
treinador deve ter em conta. As vantagens e desvantagens que cada um apresenta
são amplamente referenciadas na literatura da especialidade. No entanto, uma
questão que raramente aparece citada prende-se com a variação do método a
utilizar em função da linha de
marcação onde se pretende iniciar a pressão. Ou seja, será o mesmo
utilizar o método defensivo zonal defendendo nos dez metros adversários do que
defender a meia quadra? Obviamente que existem uma multitude de variáveis que
tem que ser questionadas, desde simples adaptações estratégicas, concepção do
treinador, até à organização ofensiva utilizada pelo adversário, entre outras.
Deste modo, este pequeno artigo pretende fazer uma
simples análise prática de algumas situações que, me parece, dificultam uma
defesa zonal em locais do jogo mais avançados. O que pressupõe uma adaptação
constante dos métodos defensivos.
Primeiro exemplo:
Sistema táctico adversário 3:1
Método defensivo zonal com trocas
defensiva na paralela, diagonal e entrada do ala
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Sistema táctico 3:1 |
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Método defensivo zonal |
Na realização de uma paralela (nº3) o jogador que se encontra na posição de
pivô (nº5) deve em primeiro lugar
aclarar no espaço, providenciando uma linha de passe ao ala esquerdo (nº2) (Fig. 1 e 2). Variando sempre em função
dos processos defensivos adversários. O que se verifica, por vezes em jogos da
1ª divisão portuguesa, é que existe uma pressão imediata ao portador da bola
(nº2) de forma a limitar rapidamente as linhas de passe ao mesmo. Assim, na
minha concepção, o jogador pivô depois de aclarar deve realizar uma aproximação,
pelo corredor central, formando um triângulo, ou seja duas opções de passe
imediatas (nº5 e nº3), bem como o GR
(nº1) e o jogador que se
encontra a dar o equilíbrio à circulação táctica, garantindo a cobertura
ofensiva (nº4). Neste caso,
deverá ser importante dizer ao pivô que deve aclarar no espaço deixado pelo
fixo. Outro dos princípios patente na Fig.1 e 2, é que o ala contrário terá que ter precauções de modo a garantir, se
necessário, o início do processo defensivo.
Problemas comuns e adaptações estratégicas:
1- A distância existente entre o pivô e a troca defensiva entre a 3ª e a 4ª
linha defensiva;
2- A entrada da bola no pivô que se encontra na ala que a devolve de
primeira (3*2)
É comum verificar-se a utilização do pivô do lado contrário à bola e ligeiramente em profundidade relativamente aos restantes elementos. Na tentativa de contrapor uma defesa zonal ou mista, a realização de uma paralela leva à criação simultânea de alguns problemas:
- Se o jogador nº5 não for acompanhado na paralela
(Fig.3), irá
verificar-se uma basculação defensiva (Fig.4), ficando o defensor que se encontra na linha defensiva mais recuada
com o jogador que entra e simultaneamente o defensor que se encontra na ala contrária terá que baixar, afim de
ocupar a 4ª linha defensiva. A grande questão centra-se na distância que o
defensor tem que percorrer para realizar a basculação defensiva. Ou seja, sempre
que o jogador que entrar na paralela realizar uma entrada muito curta, vai
criar dificuldades impossibilitando muitas das vezes uma cobertura defensiva
adequada sobre o portador da bola, bem como, pode impossibilitar a intercepção
do passe para o pivô, sobretudo se este for feito de primeira e rasteiro.
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Sistema táctico 3:1 c Pivot em Profundidade |
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Basculação defensiva |
4 comentários:
Como jogador:
prefiro uma defesa com trocas defensivas a pressionar nos 10m adversários, penso que mesmo que haja algum erro defensivo no processo de trocas ou mesmo que a bola entre na paralela curta, a equipa defensiva ainda tem espaço suficiente para se ajustar defensivamente.
Numa zona de defesa a meio campo, já sou a favor de uma defesa individual, pois o espaço para corrigir o "tempo/espaço" das trocas já é menor e numa zona perigosa/de finalização que pode causar perigo para nós.
poderá depender muito do nível competitivo. pessoalmente prefiro o método defensivo misto. Atenção que uma coisa é pressionar nos 10m adversários com o opositor a sair em 2:2 outra coisa é sair em 3:1!!!É completamente diferente.
emidio
Eu sou um defensor e trabalhador acérrimo da defesa individual a toda a largura do campo.
Uma defesa individual é muito difícil de bater, eu próprio quando jogo contra uma defesa deste género a dificuldade em arranjar espaços é bem maior. Excepção feita ao adversário portador da bola. se este estiver bem pressionado então as trocas defensivas podem acontecer. O difícil é conseguir a sintonia de todos os jogadores em terem a perfeita noção se a bola está ou não bem pressionada e nesse caso, TODOS marcam pela frente.
Abraço e Parabéns pelo Artigo
Pedro Pipa
Eu pessoalmente também sou defensor de uma defesa individual, e também em qualquer zona do campo.
Garante, com jogadores com capacidade física alta e qualidade tática, uma pressão constante no portador da bola, permite-nos ter todos os jogadores contrários com uma marcação, e claro há menos espaços para quem ataca.
Depois é esperar que a nossa defesa individual seja sempre superior á qualidade individual do adversário.
Cumprimentos,
Marco Aurélio
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